JCVD, de Mabrouk El Mechri
JCVD começa por nos dar um enquadramento geral da vida da personagem principal: Jean Claude Van Damme. A vida do nosso herói não é feita de guerras e lutas, pelo menos não corpo-a-corpo. Van Damme encontra-se numa situação familiar e financeira muito delicada. Ele está em tribunal pela custódia da filha e os custos que o processo acarreta não são fáceis de suportar. Devido aos problemas financeiros, Van Damme é obrigado a fazer alguns sacrifícios e isso reflecte-se no tipo de papéis que é quase obrigado a aceitar.
A acção principal do filme decorre num banco. Há um assalto que corre mal e os assaltantes barricam-se lá dentro. A polícia é alertada e começa a luta pelo resgate dos reféns. O enredo parece bastante banal, mas o facto de Van Damme estar envolvido faz com a história ganhe uma nova dinâmica.
Mais do que um filme de acção, JCVD é um filme sobre Jean Claude Van Damme. Mais precisamente, é um filme contado por Jean Claude Van Damme. Desde o início que há uma relação implícita entre a personagem e a pessoa, mas há uma cena que evidencia e transforma essa relação. Quando Van Damme "sai" do filme e fala durante alguns minutos, o que vemos torna-se explicitamente real. Já não é a personagem que fala, mas sim o actor. É uma cena muito bem conseguida, apesar da música de fundo ser profundamente irritante.
Na vertente técnica, realço os movimentos arrojados da câmara que percorrem todo o filme. A cena inicial é um bom exemplo disso. O filme começa com uma longa sequência em que Van Damme distribui pancada por dezenas de figurantes, que surgem à medida que ele percorre o cenário. Toda a cena é filmada num plano, com um enorme travelling da câmara, que acompanha o movimento do actor. É uma das melhores cenas de pancadaria que vi nos últimos tempos.
O filme estreia em Portugal dia 16 de Julho e merece uma ida ao cinema. Muito provavelmente, é o melhor filme que vi com este actor.
The Herd
Ken Wardrop, Irlanda, 2008, 4’
Ken Wardrop filma, novamente, na quinta da sua família na Irlanda. Desta vez, há um intruso na quinta que, apesar de ser aparentemente inofensivo, gera uma pequena discussão entre o agricultor e a sua mãe.
É uma história muito simples, mas que, mais uma vez, nos traz imagens extremamente belas da vida campestre.
Vale a pena ver, ou rever, Useless Dog, onde Wardrop filma num estilo muito semelhante. Aqui fica o link.
The Unseen
Pavel Medvedev, Rússia, 2007, 30’
Em Julho de 2006, 8 grandes potências mundiais encontraram-se em S. Petersburgo. The Unseen mostra-nos tudo, excepto a cimeira. Vemos, em vez disso, o impacto que o G8 teve no dia-a-dia da população e da cidade. Achei a ideia interessante, especialmente pelo paralelismo que é feito com a pintura The Feast Of Kings. No entanto, a curta arrasta-se demasiado tornando-se aborrecida em vários momentos.
Hot Dog
Bill Plympton, EUA, 2008, 6’
Hot Dog é o terceiro título da saga Dog. Desta vez, o nosso herói junta-se aos bombeiros para tentar conquistar a estima que tanto merece. Mas, como é habitual, as coisas não correm de acordo com o que ele planeou.
É uma curta pequena, com um protagonista adorável e recheada de momentos hilariantes. Mais uma vez, um óptimo trabalho de Bill Plimpton.
Passeio de Domingo
José Miguel Ribeiro, Portugal, 2009, 20’
Uma família normal faz um passeio normal, numa tarde normal de domingo, mas, desta vez, o dia acaba de maneira diferente.
Na minha opinião, esta curta está muito bem conseguida tecnicamente. Além de dar vida à família protagonista, José Miguel Ribeiro cria uma cidade em plasticina. E no meio do exagero das formas, encontramos pormenores deliciosos que nos envolvem naquele mundo. Infelizmente, o enredo não acompanha a excelência dos cenários e acaba por se revelar pouco original e previsível.
Para quem não conhece, vale a pena ver o seu trabalho anterior, A Suspeita, que ganhou vários prémios em festivais nacionais e internacionais:
Por este ano, penso que é tudo. Venha daí o Indie 2010!
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