E é estúpido pensar o contrário.
Este filme conta com uma simplicidade desarmante pequenas histórias sobre várias pessoas e a forma como elas encaram o amor. Estas pessoas são cegas mas poderiam não ser, esse é apenas um pormenor. E apesar das diferenças que esse "pequeno" pormenor implicam, essas pessoas conseguem levar uma vida amorosa como todas as outras. Com a "pequena" diferença que a veêm de outra forma. Aqui não há lugar para falsas assumpções de beleza induzidas pela nossa sociedade consumista de revistas e programas de televisão recheados e salpicados de caras bonitas (?), aqui conta apenas o interior. Como deveria ser. Ora a forma como estas pessoas vivem o amor com as suas mentes não corrumpidas é aqui retratado recorrendo à mais bela técnica de realização de cinema - nós não estamos a ver um filme, estamos numa cadeira na cozinha do casal de meia idade que apesar da cegueira corta as batatas para o jantar em conjunto, no pequeno quarto de hospital onde uma jovem grávida tenta acalmar a ansiedade de descobrir se a sua condição vai passar para o seu rebento, no rebelde casal de namorados que tenta a todo o custo ir acampar um fim de semana sem os pais saberem, na adolescente que fala num chat de internet com um rapaz desconhecido como qualquer outra adolescente, etc etc... um sem número de pequenas situações, pedaços de vida que sentimos, não como se fossemos nós (porque é impossível imaginarmos a forma de vida deles), mas como se fossem nossos amigos e conhecidos. É uma constante em todo o filme, essa aproximação que sentimos aos protagonistas. E é isso que interessa...
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