sábado, 18 de outubro de 2008

DocLisboa - American Swing

Ontem, ao olhar de relance pelo programa do DocLisboa, percebi que a tarefa de ver muitos filmes era impossível. A tarefa de fazer dos filmes pessoas e tornar-me elitista era bem mais fácil, e foi isso que fiz.
O plano era, portanto: ver o Adeus à Brisa, de Possidónio Cachapa - o qual me fala sempre de bom humor e tem um jogo de ping pong tão bom como o meu (o que acaba por não ser um elogio); depois de um jantar, ir ver o Titicut Folies de Frederick Wiseman, um dos realizadores homenageados pelo festival; e, no fim da noite tentar apanhar o American Swing, de Jon Hart e Mathew Kaufman, porque simplesmente achei que era altura de me introduzir nesta prática tão corrente nos dias de hoje...

... Estou a falar de ir ver filmes ao DocLisboa, e não em praticar swing, mas obrigado pelos mails que têm enviado a combinar locais... podem parar (os mails com as fotos das mulheres podem continuar...).

Bem, como podem ver que no titulo do post só está um filme, dá para perceber que não consegui ir aos dois.

Primeiro tive de levar o meu carro ao mecanico, pois ele ainda não vai sozinho. Depois, aquele jantar que mencionei acima transformou-se numa jantarada, com esgares de dor por ver perto, tanto a hora do filme, como o meu copo constantemente a encher de vinho.

Mas chega de mim. Falemos do DocLisboa e do filme que vi ontem. Foi só um, portanto.

American Swing

Alguém se lembra de um jogo de computador da década de 80 chamado Leisure Suit Larry?
O jogo - e a série de jogos que o primeiro desencadeou - tinha como personagem um senhor chamado Larry Laffer, que tinha como objectivo de vida ter sexo com todas as mulheres que respirassem perto dele. Quem joga o jogo nota o seu sentido de humor, a sua fraca inteligência, a sua atracção para os problemas - uma personalidade que, estando misturada com as situações loucas com que o seu dono se confronta, é a base da receita para uns momentos bem passados de humor politicamente incorrecto.

Foi assim que enfrentei American Swing. Tendo sempre em mente que o Larry Lavenson que eu estava a ver no grande ecrã me fazia lembrar de Larry Laffer, até a roupa era igual. O problema é que este último é uma personagem fictícia e o primeiro é - ou era - uma personagem bem real, tão real na América dos anos 70 como em Portugal dos anos 50, 60, 70, 80, e por aí adiante.
Iletrado, fascinou-me a capacidade de argumentação num tema que choca qualquer sociedade conservadora - a troca de casais (porém eu ontem não vi grandes trocas, mas sim grandes misturas... mistura de casais se calhar era um tema mais adequado (mas havia também pessoal solteiro lá no meio... ok, troquemos "casais" por "fluidos" e "troca" por "mistura" - mistura de fluidos! ahhh, bem mais agradável)), ou seja, sexo sem complicações, sem remorsos, e num local onde podes dar um pézinho de dança antes, durante ou depois do(s) acto(s) em si.

Sim, é este o tema do filme. Sexo. Troca de casais. Sexo. Sexo. Tudo isto se passava no Plato's Retreat, um dos locais ao mesmo tempo in e ao mesmo tempo underground de Nova York no fim da década de 70 e início da década de 80.

Admito que, ao ver as gravações, senti uma pontada de inveja pelas imagens que chegavam da década de 70, imagens desfocadas pelo suor colado à objectiva e pelo fumo do cigarro de Larry Lavenson, imagens que mostravam pessoas jovens sem qualquer tipo de inibição, pessoas que acreditavam na revolução cultural em que se estavam, literalmente, a inserir.
E depois vivia-se um período pré-SIDA, em que o significado de sexo livre era literal.

No entanto - e daqui vem o carácter cómico do documentário - quem faz de metrónomo do filme, dando-lhe ritmo e jovialidade, são as pessoas que viveram os dias de glória do Plato's Retreat. Ok, se calhar não há tanta jovialidade, porque as entrevistas são feitas actualmente, numa altura em que os peitos firmes de outrora são o brinquedo onde o gato lá de casa se balança. Para dar uma pequena ilustração, imaginem um velhote de olhos bem abertos, à beira de um ataque cardíaco, a falar de sexo como se tivesse sido ontem à noite. Ou o que dizer daquele casal, tipicamente Nova York'ino, que fala das suas experiências no infame local, ele interrompendo-a, ela a especificar com quantas mulheres se envolveu, ambos a dizer algo que ainda consegue surpreender o cônjugue.

É isto American Swing. Uma boa viagem pelo mundo do sexo de Nova York, convencendo-me de que o melhor sítio para se estar chamava-se Plato's Retreat.

Agora vou de novo olhar para a programação, a ver se consigo apanhar mais que um filme hoje...
Quanto ao Titicut Follies, repete dia 26 de Outubro, às 22:30, na sala 1 do Londres.

O Adeus à Brisa passa de novo dia 20 de Outubro, às 23:00, no Grande Auditório da Culturgest. Quem quer vir comigo?

Sérgio Cruz Serra

1 comentário:

Anónimo disse...

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