O Segredo
Uma curta de Edgar Feldman que, segundo o próprio, nasceu de "uma raiva minha, devido à vitória de Salazar naquele concurso imbecil da RTP." Com o público a dar-lhe razão, traduzindo-a numa grande salva de palmas, Feldman continua, dizendo algo que ficou como fantasma durante o visionamento do filme: "porque é que as pessoas votaram no Salazar, quando um português muito melhor que ele, António Dias Lourenço, esteve preso durante mais de 10 anos?"
Depois o visionamento. Muitos sorrisos e risadas num assunto sério, o que eu condeno mas, neste caso, até foram bastante convenientes. O senhor António Lourenço, que aos 94 anos revisita a prisão de Peniche, conta-nos com aquele jeito que só os velhotes têm, sempre falando com algum humor. Já não ouvia a expressão "ai, a gaita!" há imenso tempo.
A história: António Dias Lourenço foi um preso político que, de uma forma bastante inteligente, conseguiu evadir-se da prisão de Peniche, conseguindo passar 8 anos em liberdade, antes de voltar a ser preso novamente. "O bom filho sempre retorna a casa" foi o que lhe saiu à laia de cumprimento, dirindo-se ao guarda que já o esperava.
"O segredo" era o nome dado ao que conhecemos como solitária, nos filmes. Gosto de pensar que o Stephen King sabia a história deste senhor antes de escrever o conto que deu origem a Condenados de Shawshank.
Sérgio Cruz Serra
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
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